Fábio Bakker conta sua experiência com o Projeto e como a CAESB se tornou financiadora da iniciativa
Atuando na Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB) desde 2008, o engenheiro florestal Fábio Bakker participou das primeiras reuniões que levaram à criação do Projeto Produtor de Água no Pipiripau (DF). Naquele momento a iniciativa buscava um financiador e, a partir de 2012, a CAESB assumiu esse papel se tornando a instituição responsável pelo pagamento por serviços ambientais (PSA) aos produtores rurais.
Fábio relata que a Companhia estava em um momento de mudança de postura, no qual a agricultura não era considerada uma concorrente pelo uso da água, mas passava a ser vista como uma parceira. “A gente levou um tempo para entender o Projeto [Produtor de Água no Pipiripau] como um colaborador nesse processo”, relata.
A partir da parceria, a instituição passou a entender que o Produtor de Água vai muito além dos benefícios hídricos diretos. “Há um arranjo institucional que é muito mais forte e mais importante nas respostas de curto prazo”, afirma.
A ocupação urbana desordenada é um dos problemas para a disponibilidade hídrica. Nesse sentido, a atuação da CAESB no Projeto reforça a necessidade de fortalecer a atividade agrícola como melhor estratégia para manutenção de uma paisagem rural, aumentando assim a segurança dos recursos hídricos. “O saneamento e agricultura precisam andar juntos”, diz Fábio.
Além de viabilizar o PSA, a CAESB também atuou nos grupos de trabalho (GTs) da Unidade de Gestão do Projeto (UGP), participando das atividades relativas aos projetos individuais de propriedade (PIP) e ao reflorestamento, além de um papel ativo na revitalização do Canal Santos Dumont.
“A ação no Canal é uma conquista muito importante, que tem a cara do Projeto. É uma conquista transversal, do Produtor de Água e do Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Paranaíba (CBH Paranaíba)”, destaca. A CAESB atuou, principalmente, em duas ações para a viabilização da ação. A primeira foi a compra dos tubos, com recursos da tarifa de contingência.
A outra, foi a articulação da Companhia, como secretária-executiva do CBH Paranaíba, com apoio de outras instituições, para alteração no desembolso de recursos do Comitê, que antes estavam destinados para ações relacionadas a saneamento e foram redirecionados para fazer a obra no Canal.
“Tenho cada vez mais certeza de que foi uma decisão acertada, porque os R$ 2 milhões investidos no Canal estão gerando um benefício maior para os recursos hídricos, com a redução de perdas, do que se o recurso tivesse sido investido no saneamento”, ressalta. Em relação ao futuro do Projeto, Fábio entende que é preciso fortalecer o pacto entre as instituições e renovar o fôlego. A CAESB tem buscado novas formas de investir mais recursos para PSA. “É preciso trazer dinamismo para o projeto e compartilhar o protagonismo com os comitês de bacia, que são uma importante forma de financiamento. É um casamento importante a ser celebrado entre o Projeto e o Comitê”, conclui.
Fábio também acredita que o projeto do Pipiripau pode, no futuro, encontrar formas de viabilizar iniciativas que agreguem valor à produção rural, contribuindo para modernizar a agricultura e apoiando o sistema agrícola em outras frentes.
Natália Sampaio (ANA)