Em comemoração aos 10 anos da assinatura do primeiro contrato do Produtor de Água do Pipiripau, vamos contar histórias de produtores rurais e parceiros que foram importantes para o projeto. Hoje será contada a trajetória de Fátima Cabral, que transformou a realidade local.

Dona Fátima em entrevista em sua propriedade. Foto: Emater-DF
Um dos primeiros contratos assinados pelo projeto Produtor de Água do Pipiripau, em 2012 foi o da produtora rural Fátima Cecília Paim Kaiser Cabral, a dona Fátima, proprietária de uma chácara de 40 hectares no Pipiripau, dos quais 8 hectares estão destinados a conservação de uma nascente. Ela é um exemplo de como esse projeto, que usa o Pagamento por Serviços Ambientais como incentivo para a proteção de áreas sensíveis, pode fazer a diferença na história de uma pessoa.
Dona Fátima soube da primeira chamada para participação no projeto Produtor de Água do Pipiripau, no escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Em 2008, com apoio dos dois filhos, a produtora converteu parte da sua produção convencional de banana para agroecológica, com o apoio da Emater-DF. “Temos a propriedade desde 2001 e produzíamos no sistema convencional. E isso me incomodava bastante”, relata.
A inscrição no projeto aconteceu na metade de 2012 e todo o processo foi muito rápido. Após a elaboração do Projeto Individual da Propriedade (PIP), em dezembro daquele ano, já foi feito o primeiro plantio e o cercamento da nascente que existe no meio da propriedade. No entanto, antes desse processo, foi preciso convencer o esposo. “Foi um momento delicado, mas ele também acolheu a ideia de entramos no programa”.
A partir daí, dona Fátima começou um trabalho voltado para a sustentabilidade e cuidado não apenas da sua propriedade, mas olhando para toda a região do Pipiripau. Além de proteger os oito hectares ao redor da nascente por meio do projeto Produtor de Água, a produtora também fez a transição da propriedade para a agroecologia e interrompeu o uso de agrotóxicos e insumos químicos.
As ações da produtora foram ainda mais longe. Ela se envolveu em iniciativas que visam conscientizar os moradores da região quanto à necessidade de adotarem hábitos agrícolas e ambientais sustentáveis. Exemplos disso são o seu protagonismo na implantação de unidades demonstrativas de agroecologia feita pelo WWF, por meio do Programa Água Brasil, tanto em sua área, quanto na propriedade de outros produtores da região, e na criação da Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera).
Dona Fátima também participou da adoção de mudas durante o 8º Fórum Mundial da Água, que aconteceu em Brasília em 2018. “Participamos do Fórum no Mercado de Soluções e em uma ação de adoção de mudas, algumas foram plantadas em uma área que foi atingida por um incêndio que veio do vizinho em 2017. Além disso, os participantes da atividade aproveitaram para fazer uma experiência de plantio direto nessa área”. A produtora destaca que “essa ação deveria ter uma continuidade, com uma avaliação do que deu certo”.
“A gente continua e tem esse amor todo porque descobriu um propósito, uma missão de vida a partir desse projeto. O PSA nem cobre o que a gente se movimenta, mas fazemos com muita dedicação e com muito amor”, afirma Fátima, que acredita que a região tem muito potencial para se tornar um circuito agroecológico com a continuidade do Projeto.
Mais detalhes da história da Dona Fátima foram contados no livro “A experiência do projeto Produtor de Água na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Pipiripau”, lançado em 2018 durante o 8º Fórum Mundial da Água. No livro você também confere a história de outros produtores. Acesse a publicação em: http://www.produtordeaguapipiripau.df.gov.br/livro/